AOS AMIGOS QUE ESCREVERAM NESTE BLOG
Há muito
tempo que não escrevo. Porque será que fiquei sem escrever? É que nos primeiros
tempos fiquei meio decepcionada, pela falta de comentários. Mas ultimamente ao
reler o que escrevi e ver o interesse
que despertei em algumas pessoas , me animei e aqui estou novamente. Alguns
amigos me disseram que eu tenho escrito
somente como professora de piano e de Iniciação Musical, mas que deveria também
escrever sobre a minha vida de pianista.
Então vou
começar de bem menina; comecei a estudar piano com minha mãe, aos cinco anos de
idade; como ela estava principiando a estudar, e eu tive grandes progressos foi
preciso tratar uma professora. Assim meus pais trataram D.Eunice Costa ,a qual
vinha em casa. Depois de certo tempo ela achou que eu deveria entrar para o
Conservatório Dramático e Musical de S. Paulo que ficava na Avenida São João.
Como minha
tia tinha estudado com D. Irene Mauricia de Sá fui encaminhada à sua classe. Eu
morava na Rua Rafael de Barros, que fica no fim da Avenida Paulista e tinha
somente 11 anos e ia sozinha, de bonde, até o centro da cidade e depois andava
a pé até aquela avenida. Às segundas e quintas feiras tinha aula de Teoria e
Solfejo ( duas horas )e terças e sextas aulas de piano. Só que a aula de piano
era de uma hora para três alunas, assim cada uma tinha apenas vinte minutos de
aula. Eu depois da minha aula, arrumava a mala (onde tinha os métodos de piano
)de um jeito tal, que adormecia enquanto as colegas tocavam. Eu costumo dizer
que os professores de piano não se modernizaram. Eles dão as aulas do mesmo
modo que receberam, porque a gente, nas aulas de Teoria e Solfejo , batia o
compasso e cantava as musicas que não tocávamos e na aula de piano tocávamos o
que não tínhamos nem batido e nem cantado. Assim na minha escola , batemos o
ritmo antes de tocar, quando necessário ,e cantamos ao mesmo tempo que tocamos
as musicas que estamos estudando. Nos tempos atuais em que as crianças tem
muitas atividades, isto é bem mais racional, porque vejam só, eu tinha seis
horas de aula por semana e hoje nenhuma crianças tem seis horas só para o
estudo de piano
É bem verdade
que pesquisei e uso métodos que importo dos Estados Unidos, que tem todo o
material necessário para o estudante aprender Teoria, Solfejo Harmonia e Mesmo
História da Musica na mesma aula, isto é; uma hora por semana.
D.Irene era
muito dinâmica, nos levava pra tocar em muitos lugares, fazia as alunas
participarem de todo concurso que aparecia. Assim aos 11 anos tomei parte num
concurso na Radio Educadora que ficava na Rua Carlos Sampaio. Em todos os meses
doa ano havia um concurso onde as crianças disputavam uma medalha de prata no
1º lugar e mais dois prêmios e no final do ano as vencedoras dos concursos
mensais disputavam uma medalha de ouro. Havia ainda mais dois prêmios. Eu já
havia ganho um premio ,então já poderia disputar a medalha de ouro mas como não
tinha ganho a de prata continuava me inscrevendo para o concurso mensal. Em um
mês houve uma injustiça. Depois descobrimos que uma senhora da banca era tia de
uma participante e eu não fui premiada, O diretor da Radio, Dr Rangel, inconformado
me deu um cheque de cem mil reis,(o que era um dinheirão) para eu comprar o que
quisesse, na Casa dos Presentes. Eu escolhi uma boneca alemã. Naquele tempo as
bonecas nossas eram de celuloide.
Meu pai
não se conformando com o resultado resolveu procurar um professor melhor e
aconselhado pelo pessoal da casa Sotero procurou o Professor Agostino Cantu que
também lecionava no conservatório; mas eu fui estudar com ele como aluna
particular. Só que a mensalidade que pagava era muito alta; duzentos mil reis.
Assim combinamos meu pai, minhas irmãs e eu dizer à mamãe que era cem mil reis.
Imaginem só; meus pagavam pelo aluguel da casa onde morávamos, seiscentos mil reis; Eu tive um
enorme progresso, mas o professor não permitiu que tomasse parte no concurso do
fim do ano e imaginem só como a vida nos causa surpresas; a neta da vencedora, Marílla Gravenstein Borges
casou-se com meu neto e fomos bisavós da mesma criança
Vou dividir a
minha vida de pianista em alguns capítulos porque é muito comprida, pois estou
com 89 anos e continuo tocando em publico.
Assim a segunda
parte fica para a próxima vez TCHAU