quinta-feira, 6 de setembro de 2012

VIDA DE PIANISTA


AOS AMIGOS QUE ESCREVERAM NESTE BLOG


          Há muito tempo que não escrevo. Porque será que fiquei sem escrever? É que nos primeiros tempos fiquei meio decepcionada, pela falta de comentários. Mas ultimamente ao reler o que  escrevi e ver o interesse que despertei em algumas pessoas , me animei e aqui estou novamente. Alguns amigos  me disseram que eu tenho escrito somente como professora de piano e de Iniciação Musical, mas que deveria também escrever sobre a minha vida de pianista.
          Então vou começar de bem menina; comecei a estudar piano com minha mãe, aos cinco anos de idade; como ela estava principiando a estudar, e eu tive grandes progressos foi preciso tratar uma professora. Assim meus pais trataram D.Eunice Costa ,a qual vinha em casa. Depois de certo tempo ela achou que eu deveria entrar para o Conservatório Dramático e Musical de S. Paulo que ficava na Avenida São João.
         Como minha tia tinha estudado com D. Irene Mauricia de Sá fui encaminhada à sua classe. Eu morava na Rua Rafael de Barros, que fica no fim da Avenida Paulista e tinha somente 11 anos e ia sozinha, de bonde, até o centro da cidade e depois andava a pé até aquela avenida. Às segundas e quintas feiras tinha aula de Teoria e Solfejo ( duas horas )e terças e sextas aulas de piano. Só que a aula de piano era de uma hora para três alunas, assim cada uma tinha apenas vinte minutos de aula. Eu depois da minha aula, arrumava a mala (onde tinha os métodos de piano )de um jeito tal, que adormecia enquanto as colegas tocavam. Eu costumo dizer que os professores de piano não se modernizaram. Eles dão as aulas do mesmo modo que receberam, porque a gente, nas aulas de Teoria e Solfejo , batia o compasso e cantava as musicas que não tocávamos e na aula de piano tocávamos o que não tínhamos nem batido e nem cantado. Assim na minha escola , batemos o ritmo antes de tocar, quando necessário ,e cantamos ao mesmo tempo que tocamos as musicas que estamos estudando. Nos tempos atuais em que as crianças tem muitas atividades, isto é bem mais racional, porque vejam só, eu tinha seis horas de aula por semana e hoje nenhuma crianças tem seis horas só para o estudo de piano
       É bem verdade que pesquisei e uso métodos que importo dos Estados Unidos, que tem todo o material necessário para o estudante aprender Teoria, Solfejo Harmonia e Mesmo História da Musica na mesma aula, isto é; uma hora por semana.
        D.Irene era muito dinâmica, nos levava pra tocar em muitos lugares, fazia as alunas participarem de todo concurso que aparecia. Assim aos 11 anos tomei parte num concurso na Radio Educadora que ficava na Rua Carlos Sampaio. Em todos os meses doa ano havia um concurso onde as crianças disputavam uma medalha de prata no 1º lugar e mais dois prêmios e no final do ano as vencedoras dos concursos mensais disputavam uma medalha de ouro. Havia ainda mais dois prêmios. Eu já havia ganho um premio ,então já poderia disputar a medalha de ouro mas como não tinha ganho a de prata continuava me inscrevendo para o concurso mensal. Em um mês houve uma injustiça. Depois descobrimos que uma senhora da banca era tia de uma participante e eu não fui premiada, O diretor da Radio, Dr Rangel, inconformado me deu um cheque de cem mil reis,(o que era um dinheirão) para eu comprar o que quisesse, na Casa dos Presentes. Eu escolhi uma boneca alemã. Naquele tempo as bonecas nossas eram de celuloide.
            Meu pai não se conformando com o resultado resolveu procurar um professor melhor e aconselhado pelo pessoal da casa Sotero procurou o Professor Agostino Cantu que também lecionava no conservatório; mas eu fui estudar com ele como aluna particular. Só que a mensalidade que pagava era muito alta; duzentos mil reis. Assim combinamos meu pai, minhas irmãs e eu dizer à mamãe que era cem mil reis. Imaginem só; meus pagavam pelo aluguel da casa onde  morávamos, seiscentos mil reis; Eu tive um enorme progresso, mas o professor não permitiu que tomasse parte no concurso do fim do ano e imaginem só como a vida nos causa surpresas; a neta da  vencedora, Marílla Gravenstein Borges casou-se com meu neto e fomos bisavós da mesma criança
    Vou dividir a minha vida de pianista em alguns capítulos porque é muito comprida, pois estou com 89 anos e continuo tocando em publico.
     Assim a segunda parte fica para a próxima vez TCHAU

9 comentários:

Maffalda disse...

Walkyria,

Sonhei com você esta noite! Que bom ler seu blog.

Abraços,
Heloisa Andrade de Paula
Aluna da Escala (84-90)

Luiz Soares disse...

Muito legal este blog, é sempre bom ler sobre a vida das pessoas que se dedicam à arte. Abraço,

rdgooo disse...

Olá Walkyria, me chamo Rodrigo e gostaria muito de ter aulas de piano, mas antes quero adquirir um. Porém, não sei qual seria o mais adequado para um iniciante e de preço acessível, poderia me dar uma dica?

Obrigado desde já! :)

Unknown disse...


Piano é tudo, de Keith Jarret a Glenn Gould.....lindo blog!

Unknown disse...

conta mais em especial da sua trajetoria com a Magdalena.
bjs.
noemia (filha da Mazoro)

Anônimo disse...

linda sua história..parabéns guerreira vc me ensina a continuar com seus relatos.

Jorge Ramiro disse...

Meu pai era pianista e vivia de isso. Tudo o mundo em Tatuape o conhecia, ele era um excelente professor.

Unknown disse...

Linda história amiga. Adoro ver história de pessoas ligadas à arte, normalmente são semelhantes à minha =)
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Unknown disse...

Tudo em nossa vida é de certa forma uma história. Algumas delas servem como inspiração...e a sua se encaixa nessa modalidade. Show demais!

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