terça-feira, 12 de julho de 2016


                                                   MAGDA TAGLIAFERRO

                   Essa grande artista mudou a maneira de estudar piano em S.Paulo.E os professores de piano praticamente ficaram assustados pois parecia que ela roubaria os seus melhores alunos
                   Ela organizou cursos particulares e dava aulas em grupo para ensinar a sua técnica.
              Trabalhávamos todas as articulações dos braços até chegar aos dedos, e o som FORTE era conseguido pelo peso do braço, sem socar o piano.
                   Eu entrei numa das turmas  (,lembram-se que eu disse que era tímida? ) e desenvolvi muito o meu toque,porque soltei meus braços
                  Nessa ocasião estudei a Sonata Aurora de Beethoven. e toquei numa das audições do meu professor,Pois quarenta anos mais tarde,num intervalo de um concerto,numa roda de conversa,quando eu disse o meu nome para uma senhora que estava acompanhada da filha,(eu também estava com minha filha Priscila ) essa senhora falou pra todos “Vocês precisavam ter ouvido a Walkyria tocar a Aurora de Beethoven na casa do Professor Cantu
                   E tinha exercícios para qualquer dificuldade que aparecesse nas peças que tocávamos;passagem de polegar,posição das mãos,maneira de sentar com uma boa postura,distancia do banco em relação ao piano,usava  um banquinho para os pés para as crianças pequenas.
                   O primeiro curso que ela deu em publico foi esse patrocinado pelo jornal “ A Gazeta “.
                  Depois todos os anos ela dava o curso no Teatro Municipal Até hoje não sei dizer se esse curso era financiado pela Prefeitura ou Estado. Meu pai tinha o seu escritório de advogado na Praça Patriarca que era um pulo distante do teatro. Então ele sempre largava o escritório e ia me ouvir e ele conversava com os porteiros e veio me dizer que eles haviam dito à ele que quando eu tocava vinha mais gente ouvir as aulas.Eu não acreditava e achava que os porteiros estavam querendo ser gentis com o meu pai.Pois não é que há pouco tempo conheci uma senhora que ao saber o meu nome confirmou que ela e as amigas procuravam ir quando sabiam que eu tocaria,

                   Acho que vou ter que escrever alguns capítulos como fiz com a   Sinfonia dos Brinquedos porque foram muitos anos com ela.,

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

                 1938        SEGUNDA QUERRA MUNDIAL

                                      MAGDA TAGLIAFERRO
          
         Quando estourou essa guerra, Magda, como era chamada, e que era uma grande pianista, veio morar no Brasil e logo no inicio da sua estadia foi contratada pelo jornal “A Gazeta” para dar um curso de interpretação de peças musicais ao piano.
         O dono do jornal era o Doutor Casper Libero e era amigo de meu pai. Meu pai sempre falava aos amigos que tinha uma filha pianista, mas eu ainda não tocava tão bem assim. para ser chamada pianista.Ninguém falou o que eu vou contar pra vocês agora.
          Eu acho que o Dr Casper pensando que eu talvez não passasse na seleção que D. Magda ia fazer, pediu a ela que me aceitasse para o curso. Porque falo isso? Eu já lhes falei que era tímida? Pois era; e estava já na sala onde os candidatos estavam fazendo os testes e ela perguntou falando alto “e essa Walkyria Passos já chegou?” Ora eu ainda não era conhecida como mais tarde fiquei. Então penso que o Dr. Casper pensando que talvez eu não fosse selecionada pediu a ela que me admitisse.
           Eu toquei dois estudos de Chopin o opus 25 nº1 e o opus 10 nº 12, chamado Revolucionário.
          No dia da aula, que era publica aconteceu um fato muito chato para mim. Meu irmão que era sete anos mais novo que eu (nessa ocasião eu tinha quinze anos e ele oito) colecionava aviões recortados de jornais. Ele tinha deixado seus aviões na sala onde havia o piano onde eu estudava e a empregada colocou os aviões dentro do álbum dos estudos de Chopin. Pois não é que quando eu fui abrir o livro, voaram uma porção de aviões pelo palco!
           Essa foi a primeira vez que tive contato com essa grande pianista e professora

          Vou tornar a escrever fatos importantes da minha vida com essa pianista que mudou a forma de estudar piano no Brasil!

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

AULA DE MUSICA PARA BEBÊS ? PORQUE?

Com 20 anos de casada pedi desquite e fiquei com 5 filhos para criar.Dava aulas de piano, mas os alunos particulares não costumam pagar as férias.Assim fui contratada para dar aulas de Música em colégios particulares e dei em 4 escolas, para cerca de 1000 alunos por semana.As crianças que chegavam para o Maternal, as quais tinham 3 anos choravam alguns dias até se acostumarem.Então pensei em faze-las gostar da escola atravèz de 1 aula de Música.Nessa primeira turma estava minha neta Juliana que tinha 1 ano e 8 mezes

Dani e Henrique


Esta é a minha neta Daniela e meu bisneto Henrique. Foi ela que me fez descobrir que poderia dar aula de música para bebês de 8 a 15 meses. E foi a primeira crianca que frequentou minha aula nesta idade e agora esta trazendo o seu filho Henrique com 9 meses para frequentar estas aulas.
Ainda não é aula de piano: Seria uma ingenuidade pensar que uma criança desta idade pudesse tocar piano.

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

concerto


                                       CONCERTO DE TCHAIKOVSKI EM SI BEMOL

 

 

 

Meu               Professor tinha na sua casa um salão para audições que comportava 150 pessoas sentadas. Nesse salão tinha um órgão de tubos e dois pianos de cauda inteira, num tablado  de vinte centímetros de altura.

         De março a novembro ele organizava audições cujos programas seguiam certa ordem; a audição começava com uma peça tocada por ele no órgão em conjunto com uma aluna num dos pianos. Todos os meses havia uma solista que tocava algumas peças de vários compositores. Sempre havia um intervalo, porque a audição demorava certo tempo. E muitas peças a dois pianos e pra finalizar uma peça a 8 mãos com os alunos mais adiantados.

         Vocês se lembram que eu comecei uma serie de concertos para piano e orquestra?

´         Foi com o segundo concerto de Lizst.Como escrevi antes acompanhei muitos colegas e ele me chamava de “Minha Orquestra”.

          Numa ocasião um colega que foi um grande pianista, mas morreu prematuramente, ADOLFO TABACOW ia tocar o concerto de Tchaikovski acompanhado por outra colega  Clara Yagudim  no domingo seguinte.Mas ela teve um problema,acho que foi psicológico porque ficou cega,sem qualquer motivo.Meu professor ,na quarta feira ,me telefonou contando isto e se eu poderia acompanhar o Adolfo no domingo seguinte.Eu aceitei e durante os tres dias seguintes;quinta,sesta e sábado fui às 8 horas da manhã,estudava sozinha até as 10 horas ,aí o Adolfo vinha e tocávamos juntos até o almoço sendo que almoçávamos junto com a família.Depois do almoço eu estudava até as 4horas da tarde,aí o Adolfo vinha outra vez e tocávamos até a hora da janta e depois da janta estudávamos até as 10 horas da noite.Esta maratona foi durante os três dias.E assim finalmente tocamos no domingo.Quando a gente acompanha alguém tocando a parte da orquestra é necessário que a pessoa que toca a a parte da orquestra saiba bem a sua parte e conheça toda a parte do pianista para não atrapalhar a sua interpretação.Eu acho que nunca na minha vida cheguei a estudar tanto tempo.

         Uma curiosidade que quero que saibam. Aí em cima eu falei que havia um intervalo, não é? Pois sabe o que os colegas iam fazer nesse intervalo?Comer jabuticabas porque na casa dele havia uma jabuticabeira muito legal!!!

 

 

quinta-feira, 30 de maio de 2013

ALUNA DO PROFESSOR AGOSTINO CANTU

                           ALUNA DO PROFESSOR AGOSTINO CANTU

    Comecei a estudar piano, quando tinha onze anos, com esse professor que tinha vindo da Itália,convidado a lecionar no Conservatório Dramático e Musical de S.Paulo.Como eu era miúda e magra ele comentou com meu pai ,achando que eu não conseguiria estudar piano ,porque achava que eu era muito fraca.Então meu pai sabendo que eu adorava comer ovos fritos (ainda adoro )toda manhã fritava um ovo com bastante manteiga, pra mim e eu comia com um pão que media bem uns 25 centímetros e custava quatrocentos reis (a moeda daquele tempo) e depois tomava o meu café com leite.
      Eu estudava com ele com aulas particulares indo na sua casa, e pagando um preço muito alto; imagine só, era um terço do que pagávamos de aluguel da casa onde morávamos. Meu pai, eu e minhas irmãs combinamos dizer á nossa mãe que era a metade, mesmo assim ela achou que era muito dinheiro para só uma filha.
      A casa de meu professor tinha um salão para as audições, onde cabiam mais ou menos duzentas pessoas sentadas. Nesse salão, em um tablado, havia um órgão de tubos e dois pianos de cauda inteira.
      As audições sempre começavam com o professor tocando uma peça no órgão e uma aluna num dos pianos. Depois outros alunos tocavam peças a quatro mãos em dois pianos e uma aluna tocava sozinha.Era a solista do mês.Sempre terminava com quatro alunos tocando peças à oito mãos.
     Também ele sempre convidava alguma cantora ou musico de outro instrumento para também tocar e muitas vezes era algum artista que estava de passagem por S.Paulo
      No primeiro ano em que estudei com ele dei aulas para uma prima que tambem tocava piano e o resultado foi tão bem que outra prima veio me perguntar se eu estava ensinado-a,porque viu os resultados muito bons.Assim, a primeira vez que dei aulas tinha apenas onze anos.
    Nessa ocasião caiu na minha mão o 2º concerto em La Maior de Liszt.Eu estudei e toquei acompanhada por um colega que tocava a parte da orquestra em um 2º piano.Ai aconteceu uma coisa muito interessante muitos colegas resolveram tocar concertos para piano de diversos compositores.Meu professor então ,pediu que eu tocasse a parte da orquestra;assim toquei inúmeros concertos acompanhando colegas  e ele me chamava de “minha orquestra “Acompanhei entre outros;Concertos de Beethoven,Mendelsson,Liszt,Chopin,Arenski.et



quinta-feira, 6 de setembro de 2012

VIDA DE PIANISTA


AOS AMIGOS QUE ESCREVERAM NESTE BLOG


          Há muito tempo que não escrevo. Porque será que fiquei sem escrever? É que nos primeiros tempos fiquei meio decepcionada, pela falta de comentários. Mas ultimamente ao reler o que  escrevi e ver o interesse que despertei em algumas pessoas , me animei e aqui estou novamente. Alguns amigos  me disseram que eu tenho escrito somente como professora de piano e de Iniciação Musical, mas que deveria também escrever sobre a minha vida de pianista.
          Então vou começar de bem menina; comecei a estudar piano com minha mãe, aos cinco anos de idade; como ela estava principiando a estudar, e eu tive grandes progressos foi preciso tratar uma professora. Assim meus pais trataram D.Eunice Costa ,a qual vinha em casa. Depois de certo tempo ela achou que eu deveria entrar para o Conservatório Dramático e Musical de S. Paulo que ficava na Avenida São João.
         Como minha tia tinha estudado com D. Irene Mauricia de Sá fui encaminhada à sua classe. Eu morava na Rua Rafael de Barros, que fica no fim da Avenida Paulista e tinha somente 11 anos e ia sozinha, de bonde, até o centro da cidade e depois andava a pé até aquela avenida. Às segundas e quintas feiras tinha aula de Teoria e Solfejo ( duas horas )e terças e sextas aulas de piano. Só que a aula de piano era de uma hora para três alunas, assim cada uma tinha apenas vinte minutos de aula. Eu depois da minha aula, arrumava a mala (onde tinha os métodos de piano )de um jeito tal, que adormecia enquanto as colegas tocavam. Eu costumo dizer que os professores de piano não se modernizaram. Eles dão as aulas do mesmo modo que receberam, porque a gente, nas aulas de Teoria e Solfejo , batia o compasso e cantava as musicas que não tocávamos e na aula de piano tocávamos o que não tínhamos nem batido e nem cantado. Assim na minha escola , batemos o ritmo antes de tocar, quando necessário ,e cantamos ao mesmo tempo que tocamos as musicas que estamos estudando. Nos tempos atuais em que as crianças tem muitas atividades, isto é bem mais racional, porque vejam só, eu tinha seis horas de aula por semana e hoje nenhuma crianças tem seis horas só para o estudo de piano
       É bem verdade que pesquisei e uso métodos que importo dos Estados Unidos, que tem todo o material necessário para o estudante aprender Teoria, Solfejo Harmonia e Mesmo História da Musica na mesma aula, isto é; uma hora por semana.
        D.Irene era muito dinâmica, nos levava pra tocar em muitos lugares, fazia as alunas participarem de todo concurso que aparecia. Assim aos 11 anos tomei parte num concurso na Radio Educadora que ficava na Rua Carlos Sampaio. Em todos os meses doa ano havia um concurso onde as crianças disputavam uma medalha de prata no 1º lugar e mais dois prêmios e no final do ano as vencedoras dos concursos mensais disputavam uma medalha de ouro. Havia ainda mais dois prêmios. Eu já havia ganho um premio ,então já poderia disputar a medalha de ouro mas como não tinha ganho a de prata continuava me inscrevendo para o concurso mensal. Em um mês houve uma injustiça. Depois descobrimos que uma senhora da banca era tia de uma participante e eu não fui premiada, O diretor da Radio, Dr Rangel, inconformado me deu um cheque de cem mil reis,(o que era um dinheirão) para eu comprar o que quisesse, na Casa dos Presentes. Eu escolhi uma boneca alemã. Naquele tempo as bonecas nossas eram de celuloide.
            Meu pai não se conformando com o resultado resolveu procurar um professor melhor e aconselhado pelo pessoal da casa Sotero procurou o Professor Agostino Cantu que também lecionava no conservatório; mas eu fui estudar com ele como aluna particular. Só que a mensalidade que pagava era muito alta; duzentos mil reis. Assim combinamos meu pai, minhas irmãs e eu dizer à mamãe que era cem mil reis. Imaginem só; meus pagavam pelo aluguel da casa onde  morávamos, seiscentos mil reis; Eu tive um enorme progresso, mas o professor não permitiu que tomasse parte no concurso do fim do ano e imaginem só como a vida nos causa surpresas; a neta da  vencedora, Marílla Gravenstein Borges casou-se com meu neto e fomos bisavós da mesma criança
    Vou dividir a minha vida de pianista em alguns capítulos porque é muito comprida, pois estou com 89 anos e continuo tocando em publico.
     Assim a segunda parte fica para a próxima vez TCHAU